Houve aumento de 20% no número de entregadores em São Paulo durante a pandemia
Divulgação/Record TVO Câmera Record deste domingo (25) mostra como, durante a pandemia, o trabalho dos entregadores disparou, causando também um aumento no número de acidentes graves e mortes envolvendo motoqueiros.
Eles rasgam o trânsito em alta velocidade, numa batalha diária contra o relógio. O avanço do coronavírus fez as pessoas se recolherem em casa e as ruas ficaram desertas. Não fossem os motociclistas, nada de remédio, comida e outros tipos de serviço.
Na urgência de não deixar o país estacionar e, com o trânsito livre, os motoqueiros aceleraram ainda mais. A concorrência também se acirrou. Houve aumento de 20% no número de entregadores em São Paulo. Agora são 280 mil nas ruas da cidade.
Só que o custo de levar parte da economia nas costas foi alto. Os acidentes graves envolvendo entregadores aumentaram durante a pandemia.
Muitos dos sobreviventes não vão voltar para o asfalto. É o caso de Eberton. Motoqueiro experiente, sofreu um acidente grave no Dia das Mães, enquanto fazia entrega de comida. Teve um mal súbito e bateu de frente com um carro que vinha na pista contrária.
Eberton é um dos motoqueiros que quase perdeu a vida no trânsito
Divulgação/Record TV"Tava tudo muito corrido, fazendo entrega uma atrás da outra. Indo para quarta entrega, apaguei. Não lembro de mais nada", explica.
Eberton acordou no hospital. Com traumatismo craniano, ficou 12 dias em coma, passou por uma cirurgia no quadril e uma na mão direita, fraturou a coluna e teve que amputar parte de uma das pernas.
"Fiquei abalado quando o médico me disse que minha perna tinha sido amputada", relembra Eberton.
Na fisioterapia, Edisma, outro motoqueiro, comemora os primeiros passos com a perna mecânica. Ele sofreu um acidente junto com a namorada. Perdeu a perna na hora. A companheira, que estava na garupa, não sobreviveu.
"Quando eu vi meu corpo sem perna e depois sabendo a notícia de que ela tinha falecido, foi chocante", desabafa.
Faz três meses que ele está reaprendendo andar. Dá um passo de cada vez em busca da recuperação: "Agora que estou com a prótese, tenho esperança de que as coisas vão melhorar".
Alan também era entregador, e não resistiu a um acidente grave enquanto trabalhava
Divulgação/Record TVDe janeiro a agosto deste ano - em pleno isolamento social - 82 motociclistas morreram no estado de São Paulo, 54% a mais que no mesmo período do ano passado. Na capital paulista, houve aumento de 45% no número de mortes.
Alan faz parte desta triste estatística. Morreu há pouco mais de um mês, atingido por um ônibus, enquanto fazia entregas para a hamburgueria em que trabalhava.
A mãe, dona Conceição, sempre ficou com coração apertado quando o filho saía pra rua. "Mãe de motoqueiro não tem paz, não tem sossego. Hoje eu choro a morte do meu filho".
No nosso podcast, o ortopedista Cristiano Menezes, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Coluna, e a neuropsicóloga, Sandra Schevinksy, falam sobre a difícil recuperação de quem sofre acidente de moto. E a repórter Mariane Salerno revela os bastidores da reportagem.
Não perca o Câmera Record deste domingo (25), logo após A Fazenda, na tela da Record TV.