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O ditado popular diz que vida é uma caixinha de surpresas e as fortes emoções da vida do jornalista Bruno Piccinato comprovam a sabedoria popular. Há 5 anos, o jornalista vive seu maior sonho: o de ser pai. E foi durante uma reportagem em Jerusalém que ele realizou o sonho de correr a primeira maratona da vida e pôde, diante de todo o mundo, dizer “Pedro, o papai te ama”.
Veja a matéria a seguir em que o jornalista fala da relação com o filho e o autismoArquivo pessoal
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Logo no início da entrevista, o repórter do Esporte Fantástico diz sem titubear que ser pai é o seu maior orgulho: “É, sem dúvida, a melhor coisa da minha vida. E é a melhor coisa da vida diariamente. E isso é muito louco. É como se você vivesse a melhor coisa da vida todo dia”
Arquivo pessoal
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Apesar de ser uma notícia que ele sempre quis ouvir, o jornalista relembra que o momento que soube que seria pai o deixou perplexo. “Foi um baita choque, eu me lembro de que passei duas noites sem dormir, ficava com o olho estalado, como eu nunca tinha ficado antes. Um milhão de coisas passa pela cabeça. Como eu ia ter estrutura para isso? Será que o apartamento era grande o suficiente ou era pequeno para ele?”, conta
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Piccinato conta o que a paternidade mais alterou nele enquanto pessoa: “O grau de responsabilidade muda completamente. A partir do momento que ele tá na barriga da mãe, já muda. Eu tenho que ter um seguro de vida por que é uma vida dependente. Ele tem que comer, tem que ser feliz e eu tenho que proporcionar isso para ele”
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Com quase dez anos de Record TV, Bruno Piccinato já contou muitas histórias, viveu grandes emoções e viajou muitos países nas séries especiais do Esporte Fantástico. E foi em uma delas que ele mostrou ao público um pouco da relação com o filho. Em março, Bruno correu a maratona de Jerusalém e, ao cruzar a linha de chegada, se emocionou ao beijar a foto do filho, de cinco anos, que quando tinha um ano e meio de idade descobriu que fazia parte do espectro autista
Assista: Bruno Piccinato se emociona em maratona em IsraelArquivo pessoal
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“A gente foi para Israel para mostrar a prova, a gente tinha um sentimento muito forte pelo local, pela terra onde é, então, tinha muita história lá. Não tínhamos o objetivo de correr. Claro, tinha o meu lado particular, eu treinei, eu me preparei e no meu coração o tempo todo era para eu fazer isso, por mim e pelo Pedro”, revela
Assista: Bruno Piccinato se emociona em maratona em IsraelArquivo pessoal
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“Eu não preciso e nem gosto de expor o meu filho, mas eu achava que era o momento. Ao mesmo tempo em que eu não gosto de ficar expondo, eu não tenho o menor problema de falar sobre. Meu filho é autista e ele veio para mim assim, e assim eu vou encarar. Eu acho que os primeiros pudores, os primeiros preconceitos estão em você mesmo”
Assista: Bruno Piccinato se emociona em maratona em IsraelArquivo pessoal
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Piccinato revela um pouco dos bastidores da matéria que quase foi ao ar sem esse momento épico de sua vida. “O objetivo não era mostrar na matéria, tanto é que esse vídeo que eu gravei e que encerra a matéria, eu gravei para guardar, para mostrar para os meus familiares, para mostrar para ele em determinado momento da vida dele. Meus companheiros de viagem sugeriram que eu colocasse o vídeo, mas deixaram a meu critério, já que eles sabiam que seria um assunto delicado para mim. E eu mudei de última hora. A matéria estava pronta sem aquilo. O Barney, que é editor de imagem, veio um dia de madrugada para editar a matéria e eu falei para a gente encaixar o último off, encaixar esse vídeo e colocar uma trilha de outro jeito. E assim colocamos o Pedro. Foi muito legal. Foi uma emoção geral, de todo mundo que trabalha comigo, do departamento, da família, do público", lembra
Assista: Bruno Piccinato se emociona em maratona em IsraelArquivo pessoal
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A corrida entrou na vida do comunicador no mesmo momento que o autismo do filho era descoberto: “Para enfrentar esses desafios e entender as mudanças, a corrida foi muito importante para mim. Pessoalmente, para segurar a barra, dentro da minha casa, para enfrentar tudo o que vinha. Eu comecei a correr e aquilo foi me fazendo bem. Eu me tornei um cara melhor pelo Pedro e a corrida também me fazia ser um cara melhor. Foram as duas coisas que de verdade mudaram a minha vida”
Assista: Bruno Piccinato se emociona em maratona em IsraelArquivo Pessoal
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Vivendo metade do seu tempo com o pai, que não vive mais com a mãe, Pedro é uma criança de 5 anos que está descobrindo o mundo a sua volta. “Ele está na fase de parque, então ele está começando a se arriscar no patinete e na bicicleta. Mas o engraçado é que bola, ele não liga. Ele gosta daquelas bolas de pilates, mas só para ficar rolando em cima", diz
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Lidar com o autismo não é tarefa fácil, mas não é motivo para atrapalhar a relação entre pai e filho, segundo Bruno: “Quem olha o Pedro diz que não vê nada de diferente das outras crianças da idade dele e só nota quem passa a conviver mais de perto. Então como ele é não-verbal, isto é, ele não fala, aí fica mais evidente. Uma criança do espectro autista vem com uma questão que é a seguinte: o que ele vai ser capaz de fazer? E isso vai de cada um em cada um”
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Neste momento da entrevista, o jornalista abre o coração: “É muito doido a gente falando em Dia dos Pais. Durante muito tempo ficamos nessa coisa de que Pedro não falava e eu, de certa forma, me pressionava e acabava passando essa pressão para ele de quando ele iria falar. E hoje eu já entendi que talvez ele não fale. E tudo bem. E tudo bem se ele não disser ‘papai’. Tudo bem se ele não disser ‘papai, eu te amo’. A forma de comunicação do Pedro é diferente, ele fala isso de outras formas, que são tão especiais quanto"
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E diante disso tudo, o papai Piccinato traz à tona o seu maior desejo como pai: trazer autonomia para o filho: “Tem uma coisa entre mim e ele que eu piro muito: é fazer coisas juntos. Eu fico imaginando ele com 15 anos e a gente batendo uma bola juntos, um basquete, sendo eu e ele. Com 20 anos, fazer uma viagem para a praia. Não tem uma atividade ao certo ou específica que eu pense em fazer. Eu só quero proporcionar autonomia, mas ao mesmo tempo quero estar para ele ali, o tempo todo. Eu quero ser um pai que ele possa contar a qualquer momento e para qualquer assunto”
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Com experiência de 5 anos como pai, o apresentador do Pingou na Rede deixa um recado para quem tem dúvidas ou desejo de ter filho: “Vai para cima! Ser pai é demais, juro, é melhor que uma realização profissional. Ser pai é melhor que muitas realizações pessoais. É o amor mais puro. Todo mundo ama a mãe, o pai, todo mundo tem ou teve um grande amor. Antes de você ser pai, todo mundo já teve um grande amor, mas quando você se torna pai, todos os amores passam a ser segundo lugar”
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Ele aproveita para se declarar ao filhão: “Um ser que, não importa o que faça, pode chorar e te manter acordado a noite inteira que você vai continuar amando alucinadamente. Ser pai não é o quanto de grana você vai poder oferecer, mas sim o quanto você vai poder estar presente”
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