A Terra completa uma volta ao redor do Sol e sinaliza 365 dias passados. O movimento de translação aponta que um ano já se passou e que o caso da menina Lara segue — quase — sem respostas.
Era 16 de março de 2022, quando Luana e Reginaldo de Oliveira, pais de Lara Maria Oliveira Nascimento, de 12 anos, apareceram ao vivo no Cidade Alerta com um bolo e um cartaz com a foto da filha nas mãos. A adolescente completaria 13 anos dali alguns dias, mas a família não poderia comemorar sem a presença dela em casa.
Lara saiu para comprar refrigerante em um mercadinho de Campo Limpo Paulista (SP) e nunca mais voltou para casa. Segundo uma funcionária do estabelecimento, a menina chegou a comprar a bebida e alguns doces, o que indica que ela desapareceu no trajeto de retorno.
Bastaram três dias para que Lara fosse encontrada, infelizmente, sem vida. A polícia já havia feito buscas na tentativa de encontrar a menina quando ela ainda estava desaparecida. A partir daí, o caso de desaparecimento se tornou uma investigação de assassinato.
Como explicar o porquê uma menina de apenas 12 anos foi assassinada com diversas pancadas na cabeça? De acordo com o laudo da morte da jovem, ela sofreu um traumatismo craniano.
Poderia Lara ter sido vítima de um possível maníaco sexual que teria tentado sequestrá-la para cometer abuso e, com a reação da vítima, decidido matá-la de forma tão brutal? No entanto, o laudo também apontou que Lara não sofreu abuso sexual, o que tornou o quebra-cabeça ainda mais misterioso, complexo e intrigante.
Não sei exatamente em que você, leitor, acredita, mas, por ironia do destino, a polícia recebeu, 'de bandeja', um fio para começar a tricotar essa colcha de retalhos criminal: quem encontrou o corpo de Lara foi o próprio primo dela, portanto, a polícia soube por onde começar a investigar.
Ao mesmo tempo, um tio de Lara havia deixado o presídio por conta do benefício da ‘saidinha’ de Páscoa um dia antes de a menina desaparecer.
Juntamente com esses detalhes para serem investigados no caso, testemunhas prestaram depoimentos, enquanto imagens de câmeras de segurança próximas ao local de mata onde o corpo de Lara foi encontrado eram analisadas.
A casa onde Lara morava com a família em Campo Limpo Paulista era bem próxima ao mercado onde foi vista pela última vez. No entanto, a região só era um ponto de passagem das pessoas e poucos veículos circulavam no local, o que fazia com que qualquer movimentação pudesse ser um ponto-chave para elucidar o que realmente aconteceu com a menina.
Enquanto Luana chorava a morte da filha e pedia incansavelmente por justiça, menos de um mês depois, a polícia identificou o principal suspeito do caso, graças a uma dessas imagens de câmeras de segurança que tomaram toda a atenção dos investigadores.
Em um dos circuitos, um carro prata passa em ruas que dão acesso ao mercadinho e à casa da menina. Na imagem, uma pessoa desce do veículo, examina o ambiente ao redor, volta para o carro e deixa o local.
Paralelo a essa linha de investigação, a equipe do Cidade Alerta conversou com o homem que cobrava uma dívida de quase R$ 4 mil do pai de Lara. Luiz, que era namorado da avó de Lara, nega o envolvimento na morte da menina e diz que já chegou a ser agredido pelos filhos da mulher.
Um dia depois da entrevista do homem, a polícia identificou o suspeito da morte da adolescente: Wellington Galindo de Queiroz, de 42 anos. A partir daí, os agentes pediram a prisão temporária do dono do carro prata, enquanto os moradores de Campo Limpo Paulista organizaram uma passeata para pedir justiça.
Com um caminho para a investigação, ainda assim, a população buscava, sedenta, por respostas. O tio de Lara não deixou de ser cobrado nesse meio tempo. Da prisão, ele escreveu uma carta, reafirmando não ter envolvimento na morte da sobrinha. O homem também se colocou à disposição para realizar qualquer tipo de exame que comprovasse sua inocência no caso.
O Cidade Alerta teve acesso à casa de Wellington Galindo, na região de Campo Limpo Paulista. O local fica próximo da residência de Lara e também do lugar onde o corpo da menina foi encontrado. Logo de cara, o que chamou a atenção na residência, ainda em obras, foi um buraco. Não foi constatado se o espaço teria sido usado para algo relacionado ao crime, mas, o mistério levantou inúmeras hipóteses se poderia ter acontecido algo com Lara ali mesmo.
Vizinhos de Wellington contam que o homem agia de modo estranho. Ele tratava o próprio pai de modo grosseiro e costumava aparecer com muitas mulheres diferentes. Já a mãe do suspeito o defende, diz que não acredita no envolvimento do filho na morte da menina e que ele apenas vendia algumas mercadorias pela região.
Disposta a descobrir o paradeiro de Wellington, a perícia fez uma simulação das possíveis aparências que o suspeito de ter matado Lara pode ter assumido. Enquanto a polícia conseguia detalhes cada vez mais reveladores da vida do suspeito, o resultado do laudo confirmou vestígios de sangue no veículo dirigido pelo homem de 42 anos, o que tornou a história mais inusitada ainda.
O Cidade Alerta falou, com exclusividade, com Anderson Rogério Silva, tio da menina Lara, preso em Bauru, no interior de São Paulo. O homem revelou que desejava se vingar pela morte da sobrinha e garante que não tinha dívidas com o tráfico e nem envolvimento com facções.
Enquanto o desenrolar do caso tentava juntar os fios para tecer uma hipótese que fizesse sentido sobre o que aconteceu com Lara, Luana começou a receber diversas mensagens suspeitas e ameaçadoras. No texto, uma pessoa alega ter pistas concretas sobre o crime, o que deixou a mãe da garota confusa. No entanto, Luana garantiu acreditar que a pessoa das mensagens fosse Wellington, na tentativa de despistar a família sobre seu paradeiro.
Em 22 de março, três dias após a localização do corpo de Lara, o sinal do celular de Wellington apontou que ele esteve na zona sul de São Paulo. No entanto, essa pista não foi o suficiente para revelar onde o suspeito estaria.
Uma testemunha levantou a hipótese de que Wellington poderia não ter agido sozinho e uma imagem aponta, pelo menos, duas pessoas responsáveis por abordar Lara e levá-la até o carro prata, dirigido pelo homem.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Wellington Galindo, mas, até hoje, o paradeiro do suspeito é desconhecido. Tudo isso, após a Terra completar mais uma volta ao redor do Sol e sinalizar 365 dias passados. O movimento de translação aponta que um ano já se passou e que o caso da menina Lara segue — ainda — sem respostas.
Na nova temporada do Cidade Alerta Em Série, você acompanha os detalhes chocantes da investigação da morte de Lara. Em abril no PlayPlus!
Coordenadores Transmídia: Bruno Oliveira e Juliana Lambert
Pauta: Nicolas Campos
Texto: Giovana Sobral
Analistas de redes sociais: Giovana Sobral e Yasmin Dias
Estagiária: Julia Caires
Coordenador de Arte e Criação Multiplataforma: Matheus Vigliar
Arte R7: Sabrina Cessarovice