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Por Renata Garofano

Atos de violência contra a mulher acontecem diariamente; seja no ambiente doméstico, no trabalho, na sala de aula da faculdade ou da escola. É um grande problema de saúde pública e uma violação dos direitos humanos das mulheres.

Estimativas publicadas pela OMS indicam que globalmente cerca de 1 em cada 3, ou seja, 30% das mulheres em todo o mundo foram submetidas a violência física e/ou sexual por parceiro íntimo ou violência sexual por não-parceiro em sua vida.

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Arte R7

Números divulgados em março de 2021, pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mostram que, infelizmente, o Brasil registrou um aumento da violência doméstica contra as mulheres. Através do Ligue 180 e Disque 100, foram registradas 105.821 em 2020 no país.

Denúncias feitas no Disque 100 e Ligue 180 em 2020 (Arte R7)
Denúncias feitas no Disque 100 e Ligue 180 em 2020 Arte R7

De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, a violência define-se como:

“Qualquer ato ou conduta baseada no gênero que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada.”

Física, Psicológica, Sexual, Patrimonial e Moral, não importa qual destas formas de violência a mulher foi vítima; todas se enquadram na Cartilha Maria da Penha, do Ministério Público Federal.

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Arte/R7

Mas por que, em pleno século XXI, muitas mulheres ainda sofrem caladas? Seja por vergonha, medo, dependência financeira, emocional, baixa autoestima, essas mulheres sofrem sozinhas e em silêncio.

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A pandemia de Covid-19 serviu para potencializar esta situação: os isolamentos e toques de recolher restringiram o acesso das vítimas às medidas de socorro e obrigaram a convivência de vítima e agressor. Este fenômeno aconteceu no mundo inteiro. De acordo com a ONG Action Aid, ocorreu um crescimento enorme da violência doméstica em regiões da Europa, África, Ásia, Oriente Médio e América Latina. No Brasil, a taxa de feminicídio subiu 22%, sendo que no estado do Acre, o crescimento foi 300%. São dados alarmantes e que precisam, com urgência, terem seus índices reduzidos.

Comparativo de denúncias do primeiro quadrimestre de 2020 (Arte R7)
Comparativo de denúncias do primeiro quadrimestre de 2020 Arte R7

O programa Cidade Alerta retrata inúmeros casos de feminicídio e agressões física e moral contra mulheres. E não seria exagero nenhum dizer que, praticamente todos os dias, assistimos reportagens com este conteúdo.

Claudia, Vera e Gabriela são três brasileiras que nunca se viram pessoalmente. Neste Especial Cidade Alerta: Violência contra a mulher, as três mulheres compartilham os momentos difíceis que passaram, o que fizeram para dar a volta por cima e ainda deixam um recado outras mulheres.

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A jovem Janaína, irmã de Vera Lúcia, não morava no Acre e nem estava em isolamento junto com o agressor. Ela foi agredida e morta pelo marido antes da pandemia de Covid-19, reforçando que atos de violência doméstica acontecem há muito tempo no país.

Janaína morava com o então marido e a filha do casal, e era vítima constante de agressões do companheiro, como relata sua irmã, Vera Lúcia: “Um dia ela chegou com o olho roxo. Só de olhar você via que ele tinha dado um soco nela. Pessoas próximas viram que foi ele.”

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As agressões foram aumentando e, mesmo com insistentes pedidos de Vera e da família, para que Janaína retornasse para a casa da mãe, ela permaneceu ao lado do agressor até o dia fatídico: “Minha irmã foi encontrada morta em cima do sofá”, relembra Vera Lúcia.

O responsável pela morte de Janaína nunca foi preso, nem ao menos condenado pelo ato.

Claudia estava decidida a não se envolver com ninguém, até conhecer seu futuro agressor. Ele conquistou primeiro a família de Claudia, para então conquistá-la. O começo do relacionamento foi ótimo, mas depois vieram as demonstrações de violência: “Ele apresentava ciúmes possessivo. Apagou contatos do meu celular, bloqueou outros”, relembra Claudia.

Estes atos foram apenas o início daquilo que viria a ser um pesadelo na vida dela: “Espancamento 48 horas. Porque ele me espancava dia e noite, noite e dia”.

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Claudia apanhou do companheiro durante todo o fim de semana. Ela conseguiu escapar do local onde era mantida em cárcere por ele após gritar por socorro e a vizinha ouvir.

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Ele está no preso no momento, mas Claudia não consegue viver tranquilamente: “A qualquer momento ele pode ser solto e não sei o que pode acontecer”, desabafa.

A modelo Gabriela Casellato Brito, de 24 anos, foi agredida pelo ex-namorado um dia após o fim do relacionamento. Ela foi espancada com socos e o uso de um ventilador enquanto dormia: “Não consigo lembrar de nada. Ele me deu socos na cabeça e, quando levantei da cama, ele pegou o ventilador que estava ligado e deu com tudo na minha cara”, relata.

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Com a mandíbula e o nariz quebrados, além de hematomas por todo o rosto, a jovem registrou um Boletim de Ocorrência. “Tenho medida protetiva contra ele, que impede que ele se aproxime de mim a uma distância mínima de 100 metros, mas não me sinto segura somente com a protetiva. A qualquer momento sinto que ele poderá vir atrás de mim e terminar o que começou.”

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Estes relatos chocam. Mas são apenas três relatos entre milhares que acontecem diariamente no Brasil e também no mundo.

Para denunciar, o governo federal oferece os seguintes canais de denúncia:

- Ligue 180

- Disque 100

- Aplicativo “Direitos Humanos Brasil”

- Mensagem via WhatsApp (61) 99656-5008

- Site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos

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Reportagem: Liliany Nascimento e Luiza Zanchetta
Coordenação de Edição Digital: Renata Garofano
Produtor Conteúdo Audiovisual: Bruno Lima
Edição Transmídia: Bruno Oliveira
Arte: Matheus Vigliar
Videografismo: Marisa Kinoshita
Edição: (vídeo/podcast): Miguel Wesley/ Ed Sabatine
Sonorização: Daniel Ferreira
Gerente Arte Jornalismo: Omar Fabbri