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Vinícius Andrade e Raíza Chaves

Com sete fases, mais de 450 atores e cinco indicações ao prêmio mais importante da TV latina, o Produ 2021, Gênesis (Record TV) fez história na teledramaturgia brasileira por inovar dentro e fora do set de gravação. Além disso, foi a primeira novela inédita a entrar no ar durante a pandemia da Covid-19.

O diretor-geral Edgard Miranda aponta os caminhos que levaram ao sucesso: “O primeiro deles é que a produção é muito bem feita e a gente conseguiu uma unidade perfeita, mesmo com um produto com tantas histórias diferentes, em uma novela bíblica”.

Ele também ressalta o fato de não ter "barriga" [aquele período da novela em que não acontecem novidades, geralmente no meio de tramas longas]: “Com a quantidade de fases que a gente teve, apresentar histórias com início, meio e fim foi um ‘golaço’”.

Com um roteiro que explorou o início da humanidade, a Record TV não poupou esforços e investimento. Além de ser o maior elenco da teledramaturgia brasileira, os números impressionam: mais de 800 profissionais envolvidos, 70 cenários, 16 construções externas, oito cidades cenográficas, 30 mil peças de figurino produzidas e 98 ambientes com locações no Brasil e no Marrocos.

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Mais do que números, a atração mostrou acabamento e um elo entre produção, atuação e execução. Com muitas mãos lapidando, Gênesis foi atemporal e cumpriu o papel de apresentar um produto único.

Bastidores: o elenco por trás da tela

Por trás das câmeras, vários departamentos trabalharam duro para alcançar um resultado cinematográfico em Gênesis. Além dos workshops iniciais, consultoria de profissionais especializados dentro e fora do set, muitos atores chegaram a passar horas diárias na caracterização para dar vida aos personagens.

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Criação
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Reprodução/Record TV

Logo no primeiro capítulo, a sequência em que Lúcifer foi expulso do céu impactou o público e deixou o ator Igor Rickli, que interpretou o personagem, satisfeito com o resultado.

"Meu foco sempre foi trazer para a cena a sensação de [Lúcifer como] uma cobra, que está sempre envolvendo as presas", conta o ator.

Para essa primeira cena especial, Igor passou por uma transformação de visual de aproximadamente três horas, com direito a próteses e truques de maquiagem. "Fizemos um teste e fomos alinhando. Para mim, é muito importante olhar no espelho e acreditar [no personagem]", revela Igor.

A trama, em sua primeira fase, também contou a história de Adão (Carlo Porto) e Eva (Juliana Boller), com cenas gravadas no Rio Grande do Sul e externas em diferentes locais do Rio de Janeiro.

"Tivemos uma preparação muito intensa, com tempo médio de sete horas por dia. Foram quase 15 encontros só de leitura de texto até chegar ao set de gravação. Fora isso, a gente teve um workshop com o historiador, no qual foi montado um acampamento para experimentarmos as vivências da época, como fazer fogueira, cozinhar e manusear barro", relembra Juliana.

Para Carlo Porto, a primeira experiência na emissora foi desafiadora: "A Record TV nos deu tempo e espaço para fazermos o nosso trabalho, e me sinto um privilegiado em poder ter feito uma preparação para TV com tempo de cinema".

Apesar de curta, a fase cativou o público e esteve entre os assuntos mais comentados nas redes sociais ao longo de todos os seus capítulos, tendo como ponto alto a morte de Abel (Caio Manhete), o segundo filho de Adão e Eva.

O diretor-geral Edgard Miranda confidenciou que a sequência da morte de Abel foi um dos momentos que mais mexeram com o elenco durante as gravações e foi difícil controlar a emoção.

Dilúvio
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Blad Meneghel/Record TV

Mostrando o dilúvio, um dos grandes eventos da Bíblia, a segunda parte da novela trouxe cenas de tirar o fôlego. Com atores experientes e efeitos especiais cinematográficos, a fase conquistou o público e foi um dos assuntos frequentes nas redes sociais.

Dividida entre a cidade cenográfica e o estúdio, a história exigiu que o elenco se adaptasse ao convívio com diversos animais silvestres, além de aprender os costumes da época com historiadores e preparadores de elenco.

Com 30 anos de televisão, Oscar Magrini encarou o desafio de interpretar o protagonista Noé.

"O momento mais emocionante foi quando Deus fechou a porta da arca e ela começou a se movimentar. As pessoas gritando e morrendo, pedindo para entrar e a gente começou a cantar. Repetimos de três a quatro vezes a sequência. Todo mundo estava chorando muito", relembra o ator.

Por Noé ser um homem extremamente ligado à família, a sua maior parceira foi a esposa Naamá, interpretada por Rafaela Sampaio (jovem) e Cássia Linhares (adulta). A personagem de temperamento forte é a mulher escolhida por Deus para ajudar o filho de Lameque (Jayme Periard) na missão de criar seus três filhos.

“Ela foi o alicerce para aquela família e, principalmente, para aquele homem que seguia sozinho em busca de um sonho. Me senti muito honrada em interpretar essa mulher tão forte”, ressalta Cássia Linhares.

O ator também destaca os diferenciais da preparação: “Foi fantástico, porque nós fizemos workshop de moer comida e de madeira para construir a arca. Nunca havia feito nada parecido antes”, conta Oscar Magrini.

Torre de Babel
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Blad Meneghel/Record TV

Torre de Babel, terceira fase de Gênesis, também exigiu mais do que a "natural veia artística" de seus atores. Para protagonizá-la, por exemplo, Pablo Morais (que interpretou Ninrode) fez aulas de luta, parkour, lança, arco e flecha e até aprendeu a preparar tijolos. Segundo o ator, o papel foi seu maior desafio na teledramaturgia.

"Ninrode me trouxe muita experiência e bagagem, foi o meu primeiro personagem de peso. Me trouxe mais responsabilidade cênica, de estar realmente comprometido com a cena. Consegui ter mais sensibilidade e alcancei uma carga e uma experiência muito legal ao trocar com os diretores, autores, atores e técnica", conta Pablo.

Febre de memes, a Torre de Babel logo conquistou o público na web —principalmente por causa de Ninrode e seu visual poderoso.

"Eu não esperava tudo isso, é uma felicidade enorme. Foi um trabalho muito difícil de fazer, porque a gente começou antes da pandemia e depois veio o novo normal, tivemos que resgatar o sentimento, o emocional e fizemos uma obra que todo mundo gostou”, contou o protagonista.

Além de mostrar toda a construção da famosa torre, a terceira fase de Gênesis contou com cenas para lá de intensas com a atriz Francisca Queiroz, que deu vida à vilã Semíramis.

"Ela é um aviso para qualquer pai e mãe que tenta dominar a vida do filho, porque eles [os filhos] não são para atender aos pais. A nossa função é prepará-los para a vida", aponta a atriz.

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Ur dos Caldeus
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A quarta fase de Gênesis teve como grande pano de fundo a antiga capital da Mesopotâmia, Ur, uma cidade que foi construída para servir a deuses. A trama se passa na cidade natal de Abrão/Abraão (Vitor Novello/Zécarlos Machado) e começa contando a história de seu pai, Terá, sempre em busca de crescimento e poder.

Ângelo Paes Leme, que deu vida a esse patriarca, revela uma construção intensa e rígida para mostrar todas as facetas desse personagem:

"Foi um personagem com muitas camadas, com sentimentos variados e contraditórios. Inicialmente, o público ama Terá e se identifica. Depois, quando ele começa a se envolver com coisas que comprometem as crenças [da família] e acaba tomado pela vontade de enriquecer, cria um distanciamento com o público", avaliou.

A atriz Camila Rodrigues, que deu vida à sacerdotisa Nadi, proporcionou momentos marcantes nesse momento da novela. Ela revela que  precisou trabalhar diferentes nuances para a construção da sua personagem: "O surpreendente dela é a inteligência. Ela teve foco [em sua jornada], mas chegou a causar dúvida no público".

Amada ou odiada, a rainha Enlila, interpretada por Maria Joana, foi outra personagen muito comentada nas redes sociais na fase chamada "Ur dos Caldeus". Seja pelo temperamento forte, seja pelo figurino excêntrico ou pelas maldades, ela deu o que falar:

"A obra termina quando chega ao espectador e o feedback deles [público] foi fundamental para mim nesta novela”, conta a atriz.  

Abraão
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Blad Meneghel/Record TV

A história mais longa contada em Gênesis e uma das mais importantes retratadas na Bíblia é a de Abrão, que após o chamado de Deus se torna Abraão. Os atores ZéCarlos Machado (Abraão) e Adriana Garambone (Sarai/Sara) deixaram as pessoas apaixonadas com o famoso casal "mozinho", um sucesso nas redes sociais. 

"Sara foi muito querida pelo amor por Abraão e pela dedicação, companheirismo, respeito e amizade. Eles eram um casal exemplar. Foi o que conquistou o público. Um casal difícil de se ver nos dias atuais, mas é o que, até hoje, todo mundo está em busca", comenta Adriana Garambone.

E a trajetória do homem que recebeu o chamado de Deus não ficou só nos momentos de amor do casal. Foi também cercada de momentos difíceis e que fortaleceram ainda mais a fé de quem assistiu à novela. 

"É impressionante como todos os dias refletimos sobre aquilo que a gente está dizendo [enquanto personagens] e sobre as atitudes dos dois [Abraão e Sara]. Foi uma experiência de reflexão muito profunda para mim", ressalta a atriz.

Com mais de 40 anos de carreira e diversos personagens bíblicos no currículo, ZéCarlos Machado encarou o desafio de interpretar um homem que tem a missão de ser o patriarca das nações.

"No caso do Abraão, foi uma grande responsabilidade por ser um personagem que é a coluna vertebral da formação de um pensamento ocidental. A dramaturgia foi para um caminho muito gostoso, que envolveu paixão e liderança", comenta ZéCarlos Machado.

Para Adriana Garambone, que coleciona papéis fortes na emissora, a esposa de Abraão ficou na memória como um dos trabalhos mais especiais. Várias mulheres se identificaram com a história da personagem que teve dificuldade para engravidar do homem que ama, mas contou com o apoio incondicional do marido.

"Acho que nada foi por acaso, a gente vai atraindo o que pensa e vive. Sara teve conexão com o que vivi. Fui muito dedicada à minha profissão, comecei a pensar em ter filhos tarde e tive muita dificuldade. Então, passei seis anos tentando meu filho e entendo completamente a frustração disso, o prazer desta criança vir depois, e esse amor imenso", revela a atriz.

O Sacrifício de Isaque

Depois de muito desejar um filho, Isaque foi a realização do sonho de Abraão e Sara. Mas também foi o pedido de oferta feito por Deus. A sequência em que o "futuro pai de numerosas nações" quase oferece seu filho em sacrifício, mas é impedido por Deus segundos antes de matá-lo, deixou todo o set de gravação emocionado.

"Para construí-la, tive um momento de muita delicadeza junto com o Dani Gutto (Isaque). A gente ensaiou, conversou e construiu frase a frase. Me coloquei nessa circunstância, sentindo todo o sofrimento, fé e me envolvi. A criação é um momento sublime no trabalho do ator. Foi uma experiência muito comovente", comenta o ator.

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Arte R7

Para coroar ainda mais a quinta fase da novela, a atriz Marcela Muniz teve a oportunidade de dividir a personagem Maresca com a filha Thais Müller, após 40 anos de carreira.

"Foi um presente do universo, porque só gente que admiro na vida teve a possibilidade de dividir o mesmo papel com a filha. Sou fã do trabalho da Thais e tenho muito orgulho da artista que ela é", conta Marcela Muniz.

Thais também não poupou elogios à mãe, que está em sua 24ª novela. “Me senti muito tranquila em passar esse bastão para minha mãe, porque ela é minha inspiração como profissional e como pessoa", destaca a atriz. 

Jacó
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Blad Meneghel/Record TV

Repleta de conflitos entre irmãos e marcada por um núcleo mais jovem, porém bastante experiente e conhecido do público, a sexta fase de Gênesis mostrou a trajetória de Jacó, interpretado por Miguel Coelho e, posteriormente, Petrônio Gontijo. Jacó é muito lembrado por ser o pai de doze filhos, das doze tribos de Israel, e irmão gêmeo de Esaú. A história gira em torno da busca de Jacó pelo direito de primogenitura e, consequentemente, por Deus.

Uma curiosidade é que Esaú, interpretado por Cirillo Luna, é conhecido na história como um homem peludo, porém essa não era uma caraterística do ator, que fez aulas de luta para as cenas de brigas e caçada, e teve que usar um aplique de pelos naturais em todas as gravações.

A equipe de caracterização explicou que a técnica é parecida com o que já é feito com lace de cabelo humano. O processo durava cerca de 40 minutos e era feito antes de Cirillo entrar em cena.

"A gente teve a preparação com o Leandro Baumgratz. Assisti a filmes, à série Lia [exibida em 2018 na Record TV], estudei a história e tivemos aulas de luta. Foi bem importante entender mais a parte corporal. Ele é um caçador e começamos sequências que exigiam o físico. Esaú é um personagem peludo e como na região do dorso tenho pelos, mas são poucos, precisei colocar aplique", diz Cirillo Luna.

Se em cena os irmãos enfrentam conflitos, a relação nos bastidores entre os atores Miguel Coelho e Cirillo Luna era bem diferente.

"Conheci Cirillo no teste e ali já chamou a atenção. É um cara muito do bem e que chega pronto. Ele foi um presente, porque virou um amigo e é fantástico", conta Miguel.

Lia e Raquel

Outra relação conturbada dessa fase da trama foi a de Lia e Raquel, interpretadas por Michelle Batista e Thaís Melchior, respectivamente. Se o convívio das personagens na frente das câmeras não era bom, fora de cena as atrizes não se desgrudavam e compartilharam diversos momentos nas redes sociais. Thaís conta que os laços foram criados de maneira rápida nos bastidores.

"A gente se ama. Nos identificamos de cara. Nunca tínhamos trabalhado juntas. Quando fiquei sabendo que iria fazer a irmã da Michelle, todos os nossos amigos em comum falaram bem dela", afirma a atriz.

Já Michelle não poupou elogios à parceira de cena e ressaltou a importância de contracenar com atores que ajudam.

"Nos bastidores, Thaís é muito maravilhosa. Já a conhecia da vida, mas não do jeito que conheço agora. Ela é uma superparceira, uma atriz muito talentosa. Foi fácil fazer as cenas com ela", confidenciou.

Mãe de sete filhos na novela, Michelle Batista não tem experiência com a maternidade e se divertiu ao contar como se preparou para as cenas de parto e com os filhos.

"Gravei um ‘zilhão’ de partos. Estou especialista. Conversei com uma doula e tive muita orientação das minhas parceiras na novela. A Suzana Alves, que é mãe, me deu várias dicas. As minhas colegas de cena foram fundamentais. Além disso, não sou mãe ainda, mas as minhas amigas todas têm [filhos]. Me inspiro nelas já que não tenho os meus", comenta a atriz.

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Arte R7

Se Lia encantou o público, Raquel causou revolta pela maneira como olhava para a irmã. Thaís comenta que buscou entender as características da personagem e como poderia construí-la por meio de pesquisas durante o processo de preparação.

"Foi uma personagem que já chegou me convidando a dar mergulhos profundos como atriz e me transformou muito. O processo todo de preparação foi bem intenso e complexo, [envolveu] corpo, voz e interpretação. A ideia era que as pessoas conseguissem ler a Raquel no olhar, porque muitas vezes ela pensa uma coisa e pode não necessariamente falar, mas diz tudo no olhar", revela a atriz.

Uma das cenas mais importantes dessa fase da novela foi a luta de Jacó com Deus. O momento marcou a transformação na vida do personagem, que renasceu como Israel, um novo homem. Foram dois dias de gravação e incontáveis takes para garantir o resultado da sequência.

“Era a cena que mais estava aguardando para fazer desde quando li os capítulos. Não só pela importância, mas por toda a dificuldade, porque essa cena já foi feita várias vezes. Então, você quer fazer um pouco diferente e, com certeza, foi a sequência mais difícil [para mim]", conta Miguel Coelho.

José
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Blad Meneghel/Record TV

A última narrativa contada na novela emocionou o público com a trajetória de superação e fé de José, o filho de Jacó/Israel, interpretado por Juliano Laham.

Com inúmeras reviravoltas previstas em sua história (e, portanto, em suas cenas), o ator precisou dar vida a cenas desgastantes, como a sequência em que rasparam o cabelo de José à força logo após ser vendido pelos irmãos como escravo.

Para dar conta, ele usou uma técnica para entrar no universo do personagem antes das gravações: escutar louvores.

“Os louvores me ajudaram muito! Eu criei algumas playlists que eu escutava bastante. Cada fase eram músicas diferentes, então tinha uma canção específica para aqueles momentos emocionantes, eu colocava e embarcava”.

E se Juliano precisava caprichar na preparação "interna" antes de cada cena, a caracterização era o ponto forte para que outros atores ficassem prontos para entrar no set nesta fase da novela. O ator Petrônio Gontijo, por exemplo, ficava irreconhecível após caracterização de quatro horas para continuar dando vida a Jacó/Israel. 

"Foram quatro mudanças [de visual] durante toda a trama. A terceira e a última [na fase de José] foram as mais difíceis, porque alteravam a textura da minha pele. Na última [mudança], usava uma lente de contato enorme, para deixar o olho envelhecido", divide o ator.

Os looks do Egito, lugar onde se passou boa parte da fase José de Gênesis, também chamaram a atenção do público — que comentou muito sobre isso nas redes sociais. Principalmente os figurinos de Merianat, rainha egípcia vivida por Samia Abreu. Foram mais de 30 roupas escolhidas para as cenas, seis adereços de cabeça, três perucas e joias banhadas de ouro.

“São roupas lindíssimas, tudo muito bem elaborado, algumas pesadas e outras mais leves. Cada hora ela [Merianat] estava de um jeito, porque era bem vaidosa”, afirma Samia Abreu.

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Da TV ao digital: as inovações de Gênesis

Um dos grandes diferenciais de Gênesis foi mesclar musicais com as grandes histórias da Bíblia. Segundo Edgard Miranda, diretor-geral da novela, esse diferencial veio para somar, com o propósito também de explorar ainda mais o talento dos atores.

“A ideia era não interromper em nenhum momento a dramaturgia para acontecer um musical. Ele [o musical] estava ali para ajudar a contar aquela cena, um momento, estava a favor da dramaturgia”, explica Edgard Miranda.

Adriana Garambone, que deu vida a Sara/Sarai, protagonizou a maioria das canções e fez uma apresentação icônica no especial de divulgação da superprodução, antes da estreia. Ela descreveu a sensação de trazer um pouco do trabalho do teatro para a TV:

“Acho muito forte e bonito divulgar a novela com um número musical. Para mim, foi uma honra”, comentou.

Veterana em musicais, Izabella Bicalho, que deu vida a Helda, também destacou a importância de trazer esses números para dentro da casa dos brasileiros. “Eu pude usar na novela o que eu já pratico há tantos anos no teatro: o trabalho de misturar canto, interpretação e corpo”.

Michelle Batista (Lia) e Miguel Coelho (Jacó) também se renderam ao universo da música. Ao interpretar a canção Meu Sonho, os atores foram bastante elogiados pelos fãs na web.

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Efeitos especiais de cinema

Com mais de 11 mil takes de efeitos especiais ao longo de toda a atração, a novela Gênesis fez a equipe da computação gráfica se superar, com uma pós-produção cheia de técnicas das mais apuradas e inovadoras.

O público pôde acompanhar um Éden completamente diferente do que já foi feito, com atores interagindo com animais de maneira realista. Anderson Paraná, supervisor de efeitos visuais da produção, conta que usou a técnica de rotoscopia, em que se isola a cena quadro por quadro, para trazer realidade nessa interação entre Adão, Eva e os animais.

"Foi criado do zero, são animais em 3D até um pouco mais difíceis por terem como base animais que já conhecemos. Então, a gente tem que replicar exatamente para que o telespectador enxergue algo real".

Para o dilúvio, o grande evento da segunda fase da trama, as cenas reuniram aproximadamente 730 takes com até 1.970 animais inseridos em pós-produção.

"A gente precisou mostrar muitas espécies. Tivemos algumas multiplicações [de elementos e figurantes em cena], entre elas o momento em que as pessoas estão na porta da arca batendo", comenta Anderson Paraná.

Outra cena que exigiu energia e atenção especial foi o acidente na Torre de Babel. Ao todo, foram três meses de trabalho, além de 380 takes de efeitos especiais, sendo 14 deles inteiramente digitais, para concluir a sequência.

"Só do acidente da torre, a gente fez aproximadamente 50 takes e na pós-produção uns 43 takes. Tudo que você viu da torre sofreu interferência digital".

Não tem como falar sobre os efeitos da novela sem mencionar a Batalha de Hobá na quinta fase, que repercutiu muito na internet ao usar o recurso de “congelar” atores e passar câmeras entre eles. O confronto foi gravado em três dias com conceito diferente de tudo o que já foi feito.

"A ideia foi trazer inovação. Nós definimos a gravação a partir de uma pré-visualização em 3D. Elegemos em cima das cenas 29 takes em uma sequência e seguimos para o estúdio, com storyboard [recurso semelhante a uma história em quadrinhos cuja função é ajudar a mostrar o que vai acontecer em cada take] e animatic [uma espécie de storyboard animado, na qual é possível inserir efeitos e calcular o tempo em que cada ação vai acontecer]. Também fizemos algumas reuniões de pré-produção e orientamos o elenco ao longo do processo da pré-gravação. O Vicente Guerra [assistente de direção do Edgar Miranda] mostrou ao elenco esses animatics e eles foram sensacionais, pegaram muito rápido e arrasaram! Tivemos que repetir poucas vezes, por serem takes longos [cenas longas], é normal um ou outro [ator] piscar".

Quem assistiu ao resultado no ar, não conseguiu nem diferenciar o que era efeito especial do que foi real na gravação. E, segundo Paraná, a ideia era justamente essa: trazer os avanços da computação gráfica cada vez mais para a teledramaturgia.

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Bem antes de a produção ser exibida nas noites da Record TV, o site oficial da novela Gênesis já mostrava as novidades e, ao longo da produção, acompanhou todas as inovações que eram vistas em cena, com entrevistas exclusivas diárias e cobertura de bastidores.

Também no site, o público ficou mais próximo da novela com o Gênesis Responde, que explicou curiosidades e fatos históricos da época em que a trama se passou, e o Blog Gênesis, ferramenta que ajudou o público a entender melhor questões específicas tratadas na novela, de forma mais profunda. O blog virou até livro, já disponível para compra.

Com apenas um mês no ar, a conta oficial de Gênesis no Instagram foi a que mais ganhou seguidores no mundo entre programas televisivos, segundo o The WIT (plataforma que destaca conteúdos de TV e digital para melhores experiências entre marcas e consumidores).

No TikTok, a novela foi a primeira inédita no Brasil a ter uma conta oficial na plataforma, na qual reuniu ao longo dos capítulos desafios para os internautas, bastidores, declarações dos atores e transformações.

Já no Twitter, os memes não ficaram de fora. Mesmo sendo uma produção bíblica, o público não deixou de lado o bom humor e juntou o contexto contemporâneo com o universo histórico. E deu tão certo que as contas oficiais da trama também nadaram na onda e reproduziram alguns memes divertidos e muito compartilhados pelos internautas.

Gênesis não é grandiosa apenas nos números, a superprodução da Record TV contou a história da humanidade de maneira única e fez a diferença na vida do público que, ao longo da atração se emocionou, encontrou respostas, buscou inspiração e conheceu exemplos verdadeiros de amor, fé e superação.


Edição: Juliana Lambert
Reportagem: Vinícius Andrade e Raíza Chaves 
Animação: Marisa Kinoshita
Artes: Bruna Santana Edição de vídeo: Danilo Barbosa
Locução: Dani Bavoso