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Peru ainda luta para superar marcas de terror do Sendero Luminoso

Vila Pan-Americana foi construída em um dos principais palcos de ação do grupo, que perdeu força após a prisão de seu líder, Abimael Guzmán, em 1992

Pan Lima 2019|Do R7

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Na América do Sul, a República do Peru é berço de muitos conceitos que se disseminaram pela região e passaram a caracterizá-la. O país é berço da civilização inca. E também núcleo onde se organizou o colonialismo europeu. Era uma das principais sedes da coroa espanhola no continente, aglutinando o governo do Vice-Reino do Peru, por volta de 1570
Desde então, divisões entre forças conservadoras, monarquistas e radicais libertários passaram a fazer parte da rotina do país. O ponto alto desta divisão acabou sendo um motivo de integração da sociedade: lutar contra o Sendero Luminoso (Caminho Iluminado), grupo maoísta fundado em 1964, após dissidência do Partido Comunista Leia mais - Peru: Sendero Luminoso busca nova face 20 anos depois da prisão de seu líder
Com os Jogos Pan-Americanos de 2019, o governo local busca mostrar ao mundo que, apesar de o nível de pobreza no Peru ainda ser alto (cerca de 22% da população), o país conseguiu superar a ameaça deste grupo, autor de atentados brutais, cuja atuação só é comparada à das Farc na Colômbia, que também iniciaram suas operações em 1964
Mas o país ainda convive com o trauma dos atentados organizados pelo grupo, que não via na condição social das populações, motivos para deixar de perseguir, sequestrar e matar. Qualquer um que não aderisse às ideias do grupo estava marcado: fossem indígenas, pessoas humildes de populações ribeirinhas ou moradores de bolsões de miséria nas periferias das cidades  Leia mais: Bailarina que escondeu líder rebelde do Peru é solta após 25 anos na prisão
Em uma época de grande embate entre capitalismo e comunismo, em função da Guerra Fria, o Sendero Luminoso surgiu como um movimento revolucionário, que queria implantar o comunismo no Peru, por meio de uma luta armada contra o Estado
Tais ideias eram muito fomentadas em alguns núcleos universitários do país e foi abraçada tanto por professores, como Abimael Guzmán, fundador e líder do grupo, quanto alguns alunos
Nesta foto, Elena Iparraguirre, dirigente do grupo terrorista, posa, em 1972, ao lado de seu marido e filho em Paris. Ela foi condenada, em 13 de outubro de 2006, à prisão perpétua
O auge da ação do Sendero ocorreu no final da década de 80 e início da de 90, em grande parte sob o primeiro governo de Alan Garcia (1985-1990), quando o Peru passava por um período de hiperinflação, que, além da crise econômica, gerou caos social e uma verdadeira guerra civil
A ideia dos rebeldes do Sendero Luminoso era derrubar o governo, que havia sido o primeiro a ser eleito após um período de 12 anos de ditadura. Para tanto praticavam atentados brutais, que aterrorizavam a população. Mais de 30 mil pessoas foram mortas em função de ações do grupo, que chegou a tomar boa parte do território, principalmente no Sul, chegando a ter 10 mil militantes
Mas tais ações somente alimentavam a antipatia da população pelos revolucionários e seus métodos. O choque maior veio em julho de 1992, após uma explosão de um carro-bomba no bairro de Miraflores, que deixou 20 mortos e mais de 250 feridos
Diferentemente das Farc, que, com atuação mais rural, não se rendiam por causa da captura ou da morte de um líder, os ataques do Sendero foram diminuindo a partir da prisão de seu líder Abimael Guzmán, em 12 de setembro de 1992
 Ele foi preso na região de Surquillo e, por ordens do governo de Alberto Fujimori, foi fotografado em uma jaula, com uma roupa listrada de prisioneiro que não é utilizada no sistema carcerário do país
Fujimori, porém, ficou marcado por liderar um governo corrupto e autoritário, tendo feito muitas vítimas inocentes nesta luta contra o Sendero. Hoje, assim como o cruel Guzmán, ele está preso Veja também - A Caminho do Pan: Machu Picchu e região andina unem história e aventura
Desde então, o Peru foi assolado por escândalos de corrupção, que envolveram vários governos subsequentes, entre eles o de Alan Garcia, que se suicidou em abril último, negando estar envolvido nas denúncias. Outro presidente, Pedro Pablo Kuczynski (foto), renunciou no fim de 2018, sendo substituído pelo seu vice, Martin Vizcarra
Os casos de corrupção, porém, não impediram o crescimento econômico peruano. Desde o fim do governo Fujimori, o país abriu mercados, reduziu gastos e conseguiu controlar a inflação. O Banco Central peruano informou que, em 2018, o país apontou um crescimento de 4%, que tem contrastado com a crise em alguns países da região
Mas, além, destas questões financeiras, historiadores consideram que a ação do Sendero acabou tendo um efeito contrário nos objetivos do grupo. Foram métodos que acabaram unindo a população na preferência por um liberalismo calcado na democracia, com distribuição de renda
Os Jogos Pan-Americanos se encaixam a esse objetivo de integração. A Vila Pan-Americana está na região de Villa El Salvador, um distrito da província de Lima, outrora uma região de miséria. Atualmente, a pobreza no país está em 22% da população, mais da metade do que era em 2005, quando o índice era de 55% Veja também: Nova série do JR mostra as belezas e tradições do Peru
Na Villa El Salvador, região pobre, onde recentemente se iniciou uma tentativa de desenvolvimento, com construção de prédios e aumento dos erviços, o Sendero Luminoso atuava com intensidade. Controlava comunidades, ameaçava famílias que não o apoiavam e oprimia qualquer tipo de suspeito
Neste momento, o local também respira outros ares. Em que o Esporte é o maior instrumento para superar tanto a miséria social, fruto da ganância, quanto a miséria humana, fruto do terror e do radicalismo Veja também: Conheça a pequena cidade peruana que exporta artesanato inca para o mundo

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Na América do Sul, a República do Peru é berço de muitos conceitos que se disseminaram pela região e passaram a caracterizá-la. O país é berço da civilização inca. E também núcleo onde se organizou o colonialismo europeu. Era uma das principais sedes da coroa espanhola no continente, aglutinando o governo do Vice-Reino do Peru, por volta de 1570
Desde então, divisões entre forças conservadoras, monarquistas e radicais libertários passaram a fazer parte da rotina do país. O ponto alto desta divisão acabou sendo um motivo de integração da sociedade: lutar contra o Sendero Luminoso (Caminho Iluminado), grupo maoísta fundado em 1964, após dissidência do Partido Comunista Leia mais - Peru: Sendero Luminoso busca nova face 20 anos depois da prisão de seu líder
Com os Jogos Pan-Americanos de 2019, o governo local busca mostrar ao mundo que, apesar de o nível de pobreza no Peru ainda ser alto (cerca de 22% da população), o país conseguiu superar a ameaça deste grupo, autor de atentados brutais, cuja atuação só é comparada à das Farc na Colômbia, que também iniciaram suas operações em 1964
Mas o país ainda convive com o trauma dos atentados organizados pelo grupo, que não via na condição social das populações, motivos para deixar de perseguir, sequestrar e matar. Qualquer um que não aderisse às ideias do grupo estava marcado: fossem indígenas, pessoas humildes de populações ribeirinhas ou moradores de bolsões de miséria nas periferias das cidades  Leia mais: Bailarina que escondeu líder rebelde do Peru é solta após 25 anos na prisão
Em uma época de grande embate entre capitalismo e comunismo, em função da Guerra Fria, o Sendero Luminoso surgiu como um movimento revolucionário, que queria implantar o comunismo no Peru, por meio de uma luta armada contra o Estado
Tais ideias eram muito fomentadas em alguns núcleos universitários do país e foi abraçada tanto por professores, como Abimael Guzmán, fundador e líder do grupo, quanto alguns alunos
Nesta foto, Elena Iparraguirre, dirigente do grupo terrorista, posa, em 1972, ao lado de seu marido e filho em Paris. Ela foi condenada, em 13 de outubro de 2006, à prisão perpétua
O auge da ação do Sendero ocorreu no final da década de 80 e início da de 90, em grande parte sob o primeiro governo de Alan Garcia (1985-1990), quando o Peru passava por um período de hiperinflação, que, além da crise econômica, gerou caos social e uma verdadeira guerra civil
A ideia dos rebeldes do Sendero Luminoso era derrubar o governo, que havia sido o primeiro a ser eleito após um período de 12 anos de ditadura. Para tanto praticavam atentados brutais, que aterrorizavam a população. Mais de 30 mil pessoas foram mortas em função de ações do grupo, que chegou a tomar boa parte do território, principalmente no Sul, chegando a ter 10 mil militantes
Mas tais ações somente alimentavam a antipatia da população pelos revolucionários e seus métodos. O choque maior veio em julho de 1992, após uma explosão de um carro-bomba no bairro de Miraflores, que deixou 20 mortos e mais de 250 feridos
Diferentemente das Farc, que, com atuação mais rural, não se rendiam por causa da captura ou da morte de um líder, os ataques do Sendero foram diminuindo a partir da prisão de seu líder Abimael Guzmán, em 12 de setembro de 1992
 Ele foi preso na região de Surquillo e, por ordens do governo de Alberto Fujimori, foi fotografado em uma jaula, com uma roupa listrada de prisioneiro que não é utilizada no sistema carcerário do país
Fujimori, porém, ficou marcado por liderar um governo corrupto e autoritário, tendo feito muitas vítimas inocentes nesta luta contra o Sendero. Hoje, assim como o cruel Guzmán, ele está preso Veja também - A Caminho do Pan: Machu Picchu e região andina unem história e aventura
Desde então, o Peru foi assolado por escândalos de corrupção, que envolveram vários governos subsequentes, entre eles o de Alan Garcia, que se suicidou em abril último, negando estar envolvido nas denúncias. Outro presidente, Pedro Pablo Kuczynski (foto), renunciou no fim de 2018, sendo substituído pelo seu vice, Martin Vizcarra
Os casos de corrupção, porém, não impediram o crescimento econômico peruano. Desde o fim do governo Fujimori, o país abriu mercados, reduziu gastos e conseguiu controlar a inflação. O Banco Central peruano informou que, em 2018, o país apontou um crescimento de 4%, que tem contrastado com a crise em alguns países da região
Mas, além, destas questões financeiras, historiadores consideram que a ação do Sendero acabou tendo um efeito contrário nos objetivos do grupo. Foram métodos que acabaram unindo a população na preferência por um liberalismo calcado na democracia, com distribuição de renda
Os Jogos Pan-Americanos se encaixam a esse objetivo de integração. A Vila Pan-Americana está na região de Villa El Salvador, um distrito da província de Lima, outrora uma região de miséria. Atualmente, a pobreza no país está em 22% da população, mais da metade do que era em 2005, quando o índice era de 55% Veja também: Nova série do JR mostra as belezas e tradições do Peru
Na Villa El Salvador, região pobre, onde recentemente se iniciou uma tentativa de desenvolvimento, com construção de prédios e aumento dos erviços, o Sendero Luminoso atuava com intensidade. Controlava comunidades, ameaçava famílias que não o apoiavam e oprimia qualquer tipo de suspeito
Neste momento, o local também respira outros ares. Em que o Esporte é o maior instrumento para superar tanto a miséria social, fruto da ganância, quanto a miséria humana, fruto do terror e do radicalismo Veja também: Conheça a pequena cidade peruana que exporta artesanato inca para o mundo

Na América do Sul, a República do Peru é berço de muitos conceitos que se disseminaram pela região e passaram a caracterizá-la. O país é berço da civilização inca. E também núcleo onde se organizou o colonialismo europeu. Era uma das principais sedes da coroa espanhola no continente, aglutinando o governo do Vice-Reino do Peru, por volta de 1570

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